Manhã
     Corpos surgem ausentes
     da neblina do rio
     que outrora sentia
     a vida que nunca vivi.
     Percorrer as margens agonizantes
     da rotina transformada em costume
     quando algures na rota
     desacredito o caminho que tomei.
     Andar decidido
     como se soubesse do meu destino
     sem antes questionar
     a verdade dos gestos
     que pareciam verdadeiros.
Tarde
     Subir a colina
     de calçada petrificada
     igual a tantas outras.
     Calcar as memórias
     da cidade que não conheço
     saudosista da tertúlia
     no páteo em que nasci.
Noite
     Na partida absorvo os cheiros
     da multidão debruçada
     no início da viagem.
     Cúmplice dos actos
     adquiro a vontade de partilhar
     momentos que nunca imaginei.
     Deambulo frenético
     sujo e àvido de renascer
     para que no novo dia
     possa viver.
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