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Apresentação e explicitação da vida Portuguesa como sinónimo da nossa nacionalidade passando pelos mais variados temas, sem contudo esquecer, o debate de temas proibidos que pecam e se perdem na ignorância dos povos e a sua abordagem por parte dos sectores políticos vigentes. "Ubi veritas?"



segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Cristina Branco



Breve biografia

Na arte e vida de Cristina Branco (Almeirim, 1972) pode dizer-se,
como diz a letra de Amália, que traz o fado nos sentidos. O fado 
atravessou a vida de Cristina por um acaso feliz. De certa maneira, 
terá sido ela, pela sua ousadia estética e cunho interpretativo muito 
particular, a atravessar o Fado enquanto fenómeno musical de 
profundas raízes tradicionais. «Começou por uma brincadeira, um 
serão de cantigas entre amigos», segundo gosta de recordar. Nada 
até aqui, adolescente, a diria fadista. Antes de entoar menores, 
mourarias ou maiores (variantes de fados), e logo como gente grande, Cristina não frequentara casas de fado ou escutara o vinil das vozes da tradição. 
Conhecia alguns fados de ouvido, trauteados pelo avô materno, 
letras e acordes que repetia de improviso sem ter consciência de 
como estes se entranhavam, como lhe decidiam o destino. Estava 
por essa altura mais próxima de Billy Holliday e Ella Fitzgerald, de 
Janis Joplin e Joni Mitchell do que Amália Rodrigues. Quando o 
mesmo avô lhe ofereceu pelos seus 18 anos o disco Rara e Inédita, 
obra maior e menos conhecida da grande diva do Fado, não sabia 
ainda como acabara de lhe mudar a vida para sempre.

Na verdade, escassos meses antes de pisar um palco a primeira 
vez, em Amesterdão (1996, Zaal100), Cristina nunca se imaginara 
sequer uma intérprete amadora ou cantadeira de horas vagas como 
é próprio de muitos fadistas que encontram no fado um pretexto de 
ócio ou expiação. Se havia fado na sua vida de adolescente, era 
apenas no mais profundo sentido etimológico da palavra (o fatum, 
o destino) que a dizia já “fadada” para a palavra. Até 1996, aos 24 
anos, duas ou três experiências de canto fortuitas, e arrancadas 
a custo da sua timidez histórica, eram tudo o que havia feito 
publicamente enquanto “cantora”. 
O Jornalismo era “a arte” que procurava. Talvez por isso, hoje e 
sempre, as palavras (os redondos vocábulos, como lhes chama) 
rejam todos os seus discos, todas as suas intervenções, todos os 
seus projectos em curso. Cantora de poetas, os maiores de 
Portugal (Camões, Pessoa, David Mourão Ferreira, José Afonso…), 
e alguns do mundo (como Paul Éluard, Leo Fèrre, Alfonsina Storni 
ou Slauherhoff), Cristina Branco fez do seu modo de entender o 
fado uma espécie de porta-voz da Poesia e da Literatura do 
cancioneiro nacional. Passada uma década desde a sua estreia no 
Círculo de Cultura Portuguesa de Amesterdão (onde antes 
passaram Zeca Afonso, Carlos Paredes, Sérgio Godinho…) 
reconhecem-lhe hoje os seus pares, como marca de personalidade 
humana e artística, um fortíssimo e muito sincero pendor poético. 
Traço maior aliado a uma exigência ainda maior com os rigores da 
dicção e a clareza da palavra que na hora de ser voz (de uma 
límpida volúpia) é como se desse corpo à alma contida no poema.

Depois, do Fado espera-se em demasia que este traduza o 
sentimento trágico da vida: o sofrimento, a saudade e a impotência 
perante o destino. A tradição já longa do Fado depositou algumas 
“fórmulas” para dar voz a esses sentimentos, cuja invariável 
repetição tem conduzido à delapidação desse tesouro expressivo, 
ao seu inevitável esvaziamento emocional, ao sobrevoar das 
palavras pelos cantores. Porém, e ao arrepio dos cânones mais ensimesmados do Fado dito tradicional, o caminho de Cristina Branco tem sido outro: autónomo, singular e muitas vezes ébrio 
de alegria (como no tema iconográfico da sua carreira «Sete 
Pedaços de Vento», in Ulisses). No mínimo, o caminho do Fado 
de Cristina reveste-se da volúpia do aborrecimento.


Sem procurar uma ruptura ingénua com a tradição, antes 
procurando o que nela há de melhor (oiçam-se alguns dos 
"clássicos" por ela cantados), Cristina Branco reanima a tradição com 
a sua originalidade. Em todos os seus discos tem procurado o 
exigente convívio dos textos com a musicalidade inata do fado.

Cristina Branco reúne toda a emoção que o género podia conter na 
sua íntima ligação entre voz, poesia e música. Tal como outros jovens 
músicos que, desde meados dos anos 90, encontraram no Fado a 
sua forma de expressão, contribuindo para uma surpreendente 
renovação da Canção de Lisboa, Cristina Branco começou a definir 
o seu percurso, onde o respeito pela tradição caminha lado a lado 
com o desejo de inovar. Se nada na vida de Cristina indicava que o 
seu destino seria o fado, temos hoje de admitir que Cristina Branco 
está a criar um estilo senão “raro”, certamente “inédito”.

Voz, guitarra portuguesa, viola e viola-baixo, piano); uma mistura de 
fados tradicionais, temas próprios e canções populares.

Tiago Salazar, 5 de Outubro, 2008


Pontos Altos 


A cantora grava "Cristina Branco Live in Holland", em edição de 
autor, registado ao vivo em dois concertos realizados no dia 25 de 
Abril de 1996. Foram feitos mil exemplares "que se venderam 
imediatamente", logo seguidos por novas edições sucessivas, até 
se chegar aos 5000 discos vendidos. 


Edita o disco "Murmúrios" pela editora holandesa Music & Words. 
O disco reúne 14 temas, desde fados tradicionais como "Abandono" 
(imortalizado por Amália, com texto de David Mourão-Ferreira) a 
versões de Sérgio Godinho ("As certezas do meu mais brilhante 
amor") ou de Luís Vaz de Camões, com música de José Afonso 
("Pombas brancas"). A maioria dos temas tem assinatura de Maria 
Duarte, autora dos textos, e músicas de Custódio Castelo. 

Recebe, em França, em 1999, o Prix Choc da revista "Le Monde 
de la Musique" pelo melhor disco de “música do Mundo”.


Em Fevereiro de 2000 sai o álbum "Post-Scriptum" (título de um 
poema de Maria Teresa Horta). Conquistou o Prix Choc, desta vez 
para o melhor álbum do mês de Março, em França.


Na Holanda edita o disco "Cristina Branco Canta Slauerhoff", o 
segundo desse ano, com textos do poeta holandês J. J. Slauerhoff 
(1925-1976) Jan S. (1898-1936), com tradução de Mila Vidal Paletti 
e música de Custódio Castelo. O disco constitui como que uma 
prova de agradecimento de Cristina Branco ao país que lhe abriu 
as portas do sucesso embora nunca tenha vivido na Holanda.


Durante o ano de 2000, a cantora realizou cerca de 130 
espectáculos por todo o mundo. O disco "Corpo Iluminado", o 
primeiro com edição da Universal Music Classics França, foi editado 
em 2001.


Em 2002 é reeditado "O Descobridor", novo título para o disco onde 
canta Slauerhoff, com três novos temas.


O sexto álbum de Cristina Branco, de título "Sensus" foi editado 
pela Universal, no dia 24 de Março de 2003. A música é assinada 
por Custódio Castelo. O álbum conta com letras de David 
Mourão-Ferreira, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Eugénio de 
Andrade, Camões e Shakespeare, entre outros.


"Ulisses" é o nome do disco seguinte, editado em 2005.


Em 2006 é editado «Live», um registo ao vivo, tributo a Amália 
Rodrigues.


Em 2007 demarca-se do fado e revisita a obra do cantautor Zeca 
Afonso, com o trabalho “Abril”.


Em 2009, Cristina Branco regressa à interpretação de temas inéditos. 
O disco “Kronos” inclui 14 temas que têm por conceito unificador o 
tempo, compostos por um conjunto de músicos, de letristas e de 
poetas cujos universos de algum modo se cruzam com as 
preocupações de qualidade musical e poética de Cristina Branco. 
Ricardo Dias, Mário Laginha, Rui Veloso, António Victorino de 
Almeida, Janita Salomé, Vitorino, Amélia Muge, Carlos Bica, Sérgio 
Godinho e José Mário Branco são os responsáveis por músicas para 
palavras escritas, entre outros, por Fernando Pessoa, Manuel Alegre, 
Júlio Pomar e Carlos Tê.

Texto retirado do seu sítio oficial, para mais informações consulta o seguinte endereço.

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