Informar é cultura

Apresentação e explicitação da vida Portuguesa como sinónimo da nossa nacionalidade passando pelos mais variados temas, sem contudo esquecer, o debate de temas proibidos que pecam e se perdem na ignorância dos povos e a sua abordagem por parte dos sectores políticos vigentes. "Ubi veritas?"



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Prémio Desempenho+ na CCFL (Carris de Lisboa).



Após visionamento deste vídeo e o conhecimento do regulamento que o suporta, merece o mesmo, certos reparos por parte de um motorista profissional e orgulhoso em pertencer a uma empresa centenária e que seguramente pela sua descrição e coerência admite que nunca irá receber o referido prémio (por opção própria) dado que não concorda com o método e análise na atribuição.
Vou transcrever a passagem do nosso Administrador actual, o senhor Silva Rodrigues, acreditando na sua visão objectiva na aplicação do prémio, mas ciente que ele mesmo após a leitura deste "post" poderá questionar-se sobre alguns pormenores que decerto lhe escapam.


(...)É exactamente um estímulo à meritocracia, aquilo que pretendemos, obviamente, é estimular um desempenho excelente e por isso designamos este prémio como Desempenho+. Aplicamo-lo aos nossos guarda-freios e aos nossos motoristas.São muito o rosto da Carris na cidade, queremos obviamente, que os colegas possam ver nestes outros seus colegas uma referência e queiram, obviamente, fazer tão bem quantos estes são capazes de fazer. (...)


Eu partilho na empresa todas as minhas vivências particulares e profissionais ao longo dos cerca de 15 anos em que sou colaborador da CCFL e espanta-me que um prémio que poderia ser digno e de mérito esteja condicionado à apreciação individual e ao relacionamento diário que alguns colaboradores têm com os avaliadores ao ponto de pensar que tenho um grande erro em laborar no período nocturno, que é menos visível.
Sei o que sou e sei como trabalhar por vezes em ambientes nocturnos que são bem mais problemáticos do que se estivesse a laborar de dia.
Vou partilhar alguns momentos/exemplos (não posso ser exaustivo) que tive e tenho nesta empresa e equipará-los com algumas definições entendidas neste vídeo e nas declarações do nosso Administrador.


Desempenho


- Atendendo a certos horários que não são compatíveis com outros transportes, como por exemplo da carreira 28, tento dentro dos possíveis fazer com que os clientes possam ter corrospondência com os barcos.


- Tenho um índice de acidentes muito baixo e inclusivé nestes 2-3 anos não tenho qualquer ocorrência.


- Tenho uma taxa de absentismo muito baixa.


- Quando faltei (poucas vezes nestes 15 anos) sempre telefonei com a preocupação na reorganização do serviço e de todos os departamentos, de modo a não prejudicar o seu funcionamento.


Relacionamento na empresa e com colegas


- Tenho uma grande disponibilidade em conversar afim de criar empatias e proporcionar a dualidade de critérios para que todos que me reconhecem como consciente na preparação da base do meu diálogo ou na apresentação de um tema, a perspectiva isenta e imparcial como comento. A ideia é não criar conflitos, mas sim, criar nas pessoas o sentido da discussão positiva (brainstorming) de modo a que reconheçam que tudo o que ouvem ou dizem por vezes têm o significado na origem das intenções dos seus oradores. Por isso no nosso quotidiano, entre colegas e tomadas de posições da Administração ou das Organizações Representativas do Trabalhadores tem que ser observado esta directiva da observância e do seu oposto.
   No fundo aquilo que digo se não for devidamente esclarecido pelos visados, mantenho a minha posição. Se for elucidado, obviamente, após conferência dos actos e opiniões dos meus interlocutores terei que mudar a minha perspectiva sobre o assunto (seja qual for a sua génese) em causa.
   Em tudo o que faço ou penso vai no sentido da preservação da identidade da CCFL e da sua implicação como empresa do tecido empresarial do estado português, salvaguardando assim, a sua actualização no que respeita à sua organização (sobretudo através das normas ISO relacionadas com a certificação) sem nunca omitir o seu passado e a necessidade de ser a empresa modelo com o prestígio adquirido ao longo dos anos. Resumindo, a minha perspectiva tem a ver com o respeito por todos no que organizacionalmente está acordado entres todas as partes e sem esquecer a minha visão no âmbito da Qualidade Total dado que já tive formação dentro da àrea e relacionada com o exercício de anteriores profissões, como por exemplo a de inspector/verificador de Qualidade.




Imagem/Rosto da empresa


- Sou cordial.


- Digo sempre "Obrigado" a quem seja após vender um bilhete e não o coloco na banqueta, dou o bilhete comprado sempre à mão.


- Sou atencioso com quem me aborda a pedir informações, mesmo estrangeiros   dado que tenho conhecimentos escritos e falados nas línguas Francesa e Inglesa.


- Por norma tenho um fácies e atitude que permite uma possível abordagem por parte do cliente, ou seja, não sou "trombudo".


- Tenho um óptimo relacionamento com os clientes habituais, ao ponto de sentirem a minha ausência em cinco semanas, dado que é o período entre a mesma altura. Porque sou efectivo em Grupo.


- Reconheceram-me (os clientes que transportava na carreira 28) quando ajudei uma senhora idosa, manifestamente com perturbações associadas à idade, quando por engano na Gare do Oriente entrou na minha carreira querendo ir numa outra direcção e numa outra operadora. O acto foi bastante comentado posteriormente durante o percurso, pelo facto de ter pegado na senhora ao colo para ultrapassar uma pequena barreira arquitectónica e a levado à paragem da outra concessionária.


- Numa ocasião (na 28) deram-me ordens para ir reservado para o Cais do Sodré. Quando passava por cima do viaduto na entrada sul da Expo, houve segundos antes um acidente (choque frontal) entre duas viaturas. Uma senhora enganou-se na entrada e subiu em contra-mão. Eu ia atrás de um semi-reboque quando de repente este trava a fundo forçando-me a travar de emergência. O acidente tinha ocorrido praticamente naquele momento e fomos os primeiros a chegar. Assim sendo, saí do autocarro e mais o condutor do semi-reboque fomos de imediato socorrer a vítima que estava encarcerada.
Dado que a minha área de estudo era ciências (frequência do 11º ano) e o facto de ter já possuído o cartão de socorrista e possuindo ainda os respectivos conhecimentos de primeiros socorros, pudemos colocar em segurança o respectivo cenário de acidente quer nas viaturas acidentadas assim como os ocupantes.Passados uns minutos chegaram os bombeiros e as autoridades.


- Na carreira 714 e quando vou a passar junto à entrada do condomínio de Caselas estava um cão sentado no asfalto (de costas para o autocarro) e imóvel. Abrandei a marcha e inclusivé parei, dado que pela comutação das luzes e uns pequenos toques de buzina, este permaneceu imóvel. Achei estranho tal cenário dado que o canídeo estava com uma fralda colocada no seu traseiro. Consciente que o animal estava perdido e gostando eu de animais, peguei nele e levei-o para dentro do autocarro sem antes perguntar aos seguranças do condomínio se conheciam o animal, ao que a resposta foi negativa. Mesmo assim deixei o meu contacto para que se aparece-se alguém a reclamar a sua falta saberia que estava comigo. Eram cerca das 23:59 horas e como ia na direcção de Belém esperei pela viagem da 00:25 de Belém para a Outurela para que na passagem pelo Hospital Veterinário do Restelo fosse indagar se por possibilidade esse animal pudesse ter fugido das suas instalações. Foi-me dito que não, pedi então que verificassem se ele possuía o "chip" para que eu posteriormente identifica-se o seu dono. Por sorte ele possuía mas não foi preciso aceder no dia seguinte á entidade que possui esses dados. Porque no final do dia de trabalho e quando eu já regressava a casa no meu veículo com o cão, recebo em Algés uma chamada no telemóvel. Eram os seus donos.
Fui logo entregar o cão e explicar o que tinha sucedido e da maneira que aqui escrevi. Soube depois que o cão era surdo e tinha problemas de visão e de saúde, ao que os donos ficaram extremamente gratificados com a minha postura. Nesse natal disseram-me para ir à portaria do condomínio para levantar uma singela recompensa. Era um cabaz de Natal.


Estes são alguns dos exemplos que definem a minha personalidade e reconheço que haverá muitos outros motoristas e guarda-freios que possam ter condutas semelhantes mesmo os que recebem o prémio. O que difere entre mim e alguns colegas que recebem o prémio Desempenho+, é que quando eu estiver doente por doença natural vou para a baixa ou para a baixa de seguro se for acidente de trabalho. Se morrer alguém que na lei me permita ter os dias correspondentes à licença de nojo, eu gozo-os. Se o meu dia de anos me é concedido, eu gozo-o. Ou seja, embora no regulamento não esteja implícito as cedências destes direitos ou outros para que na base de um critério relacionado com o absentismo me seja atribuído o referido prémio, o certo é que alguns colegas os cedem "por obrigação de acesso" e após contacto havido por superiores hierárquicos. Do género, tens todos os requisitos, mas se abdicares de... estás inserido no possível acesso. E não se faz esperar todo o tipo de situações (por parte dos colaboradores), desde colocar férias em vez do gozo de dias, dissimular uma doença ou impedimento físico e trabalhar ( pondo em risco a sua integridade assim como de clientes e de terceiros na via pública), fazer serviços ou horas extraordinárias sem o respectivo descanso entre serviços (11 horas), etc... etc... etc...


Se uma empresa permite que seja concedido este prémio nestas condições, o sentido de mérito que visa premiar o desempenho desemboca num conluio de interesses. Eu neste caso, sinto-me injustamente apreciado face à essência e envolvência que o prémio actualmente pressupõe. O sentido do prémio dado pelo Administrador está correcto, mas o acesso a ele é complicado e resulta por cedências e não se pode chamar colaboração ou excelência no desempenho a isso. Por exemplo, a baixa do  absentismo na empresa, além dos colaboradores não faltarem por "capricho"  com intenção de acederem ao prémio, na recusa da empresa em não deferir os pedidos de LP'S, a colocação de dias de férias em situação de baixa ou outras, resulta nas artimanhas utilizadas por esses colaboradores em não cumprir o que está escrito na integra no nosso AE ou no CCT, em que têm o direito de gozo de dias consoante os artigos e alíneas relacionadas com a questão.


Perante tais factos vou continuar a ser o que sou independentemente da existência do prémio, mas concluo que da maneira em que está a ser atribuído, ofende as minhas liberdades, direitos e garantias. Como tal, enquanto não for regularizada essa atribuição através de um regulamento claro e transparente e que confira o acesso a todos sem qualquer tipo de cedências ou reservas, eu não o quero. Por isso nunca poderei tomar como referência esses meus colegas que estão no Desempenho+ e que são visados no vídeo. Não quero fazer tão bem quanto eles, porque na minha opinião e num certo sentido, eu sou superior a eles.


Sinto um grande orgulho nesta empresa e que fique claro que mesmo após este desabafo, irei continuar a participar na vida social da empresa, quer através da minha postura e conduta profissional, quer igualmente no relacionamento com os meus superiores hierárquicos sugerindo e apresentando sugestões para que a empresa evolua sustentavelmente.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eléctricos da CCFL (Carris de Lisboa).

Estes são alguns dos eléctricos vendidos e/ou cedidos e que não se sabia do seu paradeiro. Fizeram durante anos o transporte de milhares de passageiros na cidade de Lisboa. É bom saber que parte da nossa identidade, apesar de alguns não estarem em Portugal, se encontra preservada ou em vias disso, pelas entidades que os adquiriram. A CCFL (Carris) deveria ter um espaço museológico condigno com a sua história. Todo o material circulante deveria pelo menos estar representado no museu com um veículo de séries diferentes, mesmo quando o chassi fosse aproveitado para remodelações para novas séries.

Apesar de tudo a CCFL (Carris) tem feito os investimentos possíveis para que     o núcleo museológico seja representativo com a dimensão da empresa. A empresa contém uma inúmera quantidade de registos materiais, de organização, de artes e ofícios que aos longo dos seus 138 anos de história foi adquirindo e que se encontra fora da visualização dos visitantes, não permitindo assim que todos nós tenhamos uma visão real da importância da empresa enquanto entidade prestadora de um serviço público. 


Não se pode sonegar esta história empresarial e todo o seu "know how". Todos os portugueses, instituições públicas ou privadas e os Governos sucessivos deveriam ser sensibilizados para a preservação da empresa na perspectiva de um monumento nacional de actividade empresarial único em Portugal. 



Estes estão em Portugal (por enquanto) e devido à abnegação e amor que o seu proprietário tem em relação aos eléctricos. O video foi realizado em 2008.




Esta fotografia do 734 foi tirada em Agosto de 2002 em Palma de Maiorca (Espanha). Foto de James & Martin's Picture Collection Copyright 'Jampics' m.hawkes7@ntlworld.com.


O 734 noutra foto de Fevereiro de 2006. Foi tirada pelo Dr. J. van Heyst mrdata1968@yahoo.com



O 22 e 24 na Estação de Soller em Maiorca. Foram comprados à CCFL em 1995 e restaurados em Espanha. Foto tirada por Carlos Perez Arnau em Julho de 2001. carlosperez@studio3.es

O 350 no Museu Industrial de Córdoba (Argentina). Visite o sítio em www.tranviasdecordoba.org.ar.


O 305 a ser transportado entre 1996 e 1998 e ostentando as  cores e publicidade da sua última viagem em Lisboa.

O 305 no Norte do País de Gales. Com as cores e número alterados para a entidade que o adquiriu (Llandudno and Colwin Bay Tramway Society). Aqui é o 25 num festival de transportes em Llandudno no ano de 2000. Visite o sítio em www.railfaneurope.net.
O 730 no Merseyside Tramway Preservation Society em Inglaterra. Visite o sítio em www.mtps.co.uk.
O 342 em Mar del Plata (Argentina) no Parque Camet no ano de 2000. Foto tirada por Aquilino González Podestá www.tramz.com/tw/la.html.
O 346 em 1997 à chegada em Elizabethport (New Jersey - USA). Foi adquirido pelo New Jersey Transportation Heritage Center por cerca de 6600 US$.www.njthc.org.


O 531 encontra-se  no estado de Yukon (Canadá). Vejam a fotografia e o historial em http://www.flickr.com/photos/flyer_901/3714903581/.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Grande Reportagem - Missão segurança.

A realidade é arrepiante. A vida da polícia retratada neste documentário da estação de televisão "Sic", na primeira pessoa. Para quem julgue que a vida de um policial é isenta de riscos, dedicação, prejuízo pessoal e honra, tem uma boa oportunidade de verificar que o dia-a-dia destes profissionais que zelam pelo bem-estar e protecção da sociedade civil, têm um oponente de peso e organizado em contrariar e prejudicar esses mesmos profissionais. O Governo.

Leis inadequadas e que protegem mais quem prevarica e penaliza quem tenta fazer o que lhe é exigido, condições de trabalho quase inexistentes que além das esquadras, viaturas e camaratas degradantes, material de trabalho (que têm de pagar do seu próprio bolso) à excepção da pistola, é o mesmo que enviar para a portas da morte estes profissionais imprescindíveis e que carecem de protecção e apoio. Este Governo e os anteriores são ou teriam que ser responsabilizados por danos que possam acontecer nestes homens em cumprimento das suas ordens hierárquicas e nas missões que desenvolvem.


É vergonhoso e revoltante tratarem os profissionais de segurança da maneira que são retratados na peça televisiva. Não se desculpem pelo possível exagero dessa mesma peça, porque eu como cidadão comum verifico "in loco" e por amizade de homens que partilharam a minha infância e escola.


Resta acrescentar e como qualquer profissão neste país, muitos profissionais são assediados e prejudicados dentro das suas empresas e instituições.